Viralizou nas redes sociais uma notícia que despertou preocupação em muitas igrejas: um homem teria frequentado cultos intencionalmente para ser fotografado e, depois, processou a igreja que publicou sua imagem sem autorização.

Esse episódio gerou debates acalorados entre pastores e líderes de comunicação. Afinal, a igreja pode ou não publicar fotos e vídeos dos fiéis nas redes sociais? Como se proteger juridicamente e, ao mesmo tempo, manter uma comunicação relevante e respeitosa?

Neste artigo, queremos refletir com você — pastor, líder ou comunicador — sobre os cuidados legais relacionados ao uso de imagens. Mais do que uma exigência jurídica, trata-se de um gesto de amor, respeito e responsabilidade com quem confia na sua liderança.

O direito de imagem nas igrejas
A ética do Reino também se aplica às redes sociais
Boas práticas para a igreja se proteger
Obedecer à lei também é obedecer a Deus

O direito de imagem nas igrejas

A maioria das igrejas hoje está no digital: cultos ao vivo, stories, reels, transmissões e eventos registrados constantemente. Isso é maravilhoso e necessário! No entanto, é preciso cuidado para que essa presença digital não resulte em ações judiciais por uso indevido de imagem.

A Constituição Federal e o Código Civil garantem o direito à imagem. Isso significa que ninguém pode ter sua imagem divulgada publicamente sem consentimento — inclusive em contextos religiosos. O argumento de que “não houve má intenção” não é suficiente diante da lei.

Mais do que uma regra, respeitar esse direito é um reflexo do próprio Evangelho, que nos chama à responsabilidade com o próximo. Como cristãos, temos o dever de agir com verdade, respeito e zelo.

A ética do Reino também se aplica às redes sociais

Além da questão legal, há um princípio espiritual por trás de tudo isso: o cuidado com o que comunicamos – no qual precisa estar acima dos likes, visualizações ou alcance nas redes.

Como comunicadores do Reino, precisamos nos perguntar: nossa comunicação está sendo feita com sabedoria, empatia e respeito aos irmãos? O cuidado com a imagem alheia não é apenas uma obrigação legal, mas um compromisso espiritual.

Evitar expor alguém sem autorização é uma forma de proteger, amar e acolher. Isso vale especialmente para visitantes, crianças e pessoas em momentos delicados.

Boas práticas para a igreja se proteger

Para proteger sua igreja de possíveis processos e agir com sabedoria, aqui vão orientações fundamentais:

Informe com clareza: Avise no início dos cultos e eventos que o local está sendo filmado e que imagens poderão ser usadas nas redes. Use cartazes, telões e a própria fala do pastor.

Foque nos líderes: Dê preferência a registrar pastores, ministros de louvor e membros da equipe autorizada.

Cuidado com momentos íntimos: Não filme manifestações espirituais, oração individual, ofertas ou outras cenas que possam constranger.

Tenha um formulário de uso de imagem: Para testemunhos, entrevistas e depoimentos, sempre solicite a assinatura de um termo de autorização.

Respeite sempre os pedidos de privacidade: Se alguém não quiser aparecer, honre essa decisão com gentileza. Há pessoas em momentos sensíveis que precisam ser acolhidas com respeito.

Obedecer à lei também é obedecer a Deus

Cuidar dessas questões não é apenas uma exigência do Estado — é uma forma de expressar o cuidado pastoral e a integridade cristã. Como diz Romanos 13:2:

“De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.”

Zelar pela proteção da sua comunidade é zelar pela missão da igreja. Em um tempo em que o Evangelho também é anunciado pelas telas, sejamos prudentes e intencionais em nossa comunicação — agindo sempre com verdade, sensibilidade e responsabilidade.

Somos espelhos para o mundo, e nossa conduta precisa refletir a seriedade com que servimos ao Senhor e ao próximo. Que nossas ações — inclusive nas redes sociais — revelem o cuidado, o respeito e a luz do Reino de Deus.

Que este conteúdo alcance muitos líderes e se torne um instrumento de direção para igrejas e cristãos que desejam comunicar com propósito, sabedoria e amor